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poesia 

autora do livro de poesia O grito vem da carne

editora Patuá, 2020

orelha do livro, por Helio Flanders

Lígia Blat é uma poeta que finca o pé no chão para viver com propriedade cada fio de sua voz, e o grito vem da carne. Joga pedras em lápides vestindo a herança de uma desolação profunda que acometeu desde Augusto dos Anjos à Alejandra Pizarnik. O seu sentir é vasto e parece procurar entender se está mais machucado pelo mundo ao redor ou por si mesmo.

Jogos e camadas permeiam os versos, uma propriedade de quem é talvez mais íntimo das palavras do que de seu próprio coração, e a sensação de que a poeta é amiga do mar e por vezes se auto navega, mas não como a capitã, e sim a náufraga, mas sem afogar-se: faz das águas sua casa e estranhamente a pedra no peito chega a seu ápice quase de maneira natural. A poeta e a dor cedem ao empate, como duas velhas inimigas que já não se odeiam mais. Lígia faz do exílio a sua morada e recupera um mundo que nunca deveria ter deixado de ser seu.

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